Aumento de casos de depressão entre crianças e adolescentes no cenário pós-pandemia reflete novos desafios para equipes de profissionais. Saiba como obter ajuda
A campanha Setembro Amarelo, mês em que se intensificam as ações de orientação e combate ao suicídio, chama a atenção para a importância da saúde mental e, mais do que isso, mostra que há tratamento de fácil acesso para quem precisa. Em Quatro Barras, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é o espaço de acolhimento para pacientes com quadros de tristeza aguda e depressão – um diagnóstico que se tornou bem mais comum e frequente após a pandemia da Covid-19.
O isolamento não apenas limitou a circulação das pessoas e sua frequência em atividades rotineiras, como também aumentou os conflitos familiares. O reflexo se deu principalmente nos adolescentes e nas crianças. De acordo como o médico psiquiatra do CAPS, Dr. Rodrigo Pirard Basso, a demanda para atendimento dos jovens deu um salto.
O assunto merece atenção por um motivo que gera bastante esperança: quase 100% dos casos de suicídios, gerados em grande parte por quadros depressivos ou transtornos psiquiátricos, são evitáveis.
“Há tratamento para esses quadros. Nós trabalhamos justamente para que o paciente não chegue a um quadro de risco. Por isso, é muito importante que familiares que notem qualquer indício, um comportamento diferente do filho, ou de outra pessoa da família, como tristeza extrema ou pensamentos negativos, que busque atendimento. Estimular o tratamento, muitas vezes, é um ato de polpar vidas”, afirmou o médico.
Mãe e moradora do Itapira, Silvia Aparecida dos Santos, começou a notar um comportamento diferente do filho, de 14 anos. De acordo com ela, a pandemia e o consequente afastamento dos colegas, amigos e parentes com que o filho tinha convívio, geraram um quadro preocupante.
“Ele melhorou graças ao tratamento no CAPS. Aqui, a pessoa consegue falar de assuntos que muitas vezes não consegue falar com a família. A confiança de poder falar com os profissionais dá um alívio muito grande”, contou a mãe, que também já fez tratamento na unidade. “Este mesmo alívio me deixou mais forte para dar o suporte que minha família precisava”, finalizou a moradora.
Onde buscar ajuda
Ao notar diferenças de comportamento, é importante encaminhar a pessoa (criança, jovem ou adulto) à uma Unidade Básica de Saúde, para avaliação de um clínico geral. Se identificada a necessidade de tratamento, o médico fará o encaminhamento ao CAPS.
Ao chegar no Centro de Atenção Psicossocial, o paciente será atendido por um médico psiquiatra, que fará a análise do quadro do paciente. Conforme for o diagnóstico, o paciente pode fazer o tratamento com psicólogo e, caso desejar, também pode participar das atividades com terapeutas ocupacionais e assistentes sociais.
Nos casos mais críticos, quando o paciente já tentou alguma ação contra a vida, a orientação é que o mesmo seja levado ao Pronto Atendimento 24 horas (PA), no Jardim Pinheiros, para atendimento clínico. Sanada esta fase, o mesmo será encaminhado ao CAPS, para acolhimento.
O CAPS atende jovens a partir dos 12 anos. Um dos pontos fundamentais do tratamento está na inserção da família, que é ponto de suporte para a recuperação. “Tratamentos em que a família está inserida sempre apresentam melhores resultados, porque além do monitoramento, a família é um alicerce, dá força”, afirmou Dr. Rodrigo.
O uso de substâncias ilícitas também é um potencializador de risco. Segundo o médico, pessoas que fazem uso de entorpecentes tornam-se mais vulneráveis e impulsivas, o que pode acarretar mais riscos à vida. O CAPS também presta atendimento a dependentes químicos que desejam se tratar.
A psicóloga da unidade, Dra Flávia Garbellini, disse que sempre há luz e esperança para quem busca por ajuda. “No CAPS, o paciente encontra um espaço para falar sobre suas angústias e sofrimentos, para um desabafo sem julgamentos, sem apontamentos, de forma sigilosa. Nós indicamos, sim, um caminho, para que o paciente volte a ter sua qualidade de vida. O importante é que todos saibam que estamos aqui, que há uma equipe especializada para atendê-los, que eles não estão sozinhos”, disse Dra Flávia.
Equipe do CAPS
Hoje o Centro de Atenção Psicossocial de Quatro Barras conta com uma equipe composta por dois médicos psiquiatras, Drs. Rodrigo Pirard Basso e Gilson Franzoni; pela psicóloga Dra Flávia Garbellini; pela assistente social Edi Fátima; pelas terapeutas ocupacionais Eneli de Lara dos Reis e Maria Cristina Mariotto; e pela assistente administrativa Melina Repinoski.
O atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. É importante reforçar que o CAPS não realiza o primeiro atendimento. Pacientes que buscam pelo tratamento devem procurar, inicialmente, uma Unidade Básica de Saúde. Mais informações: (41) 3671-8800, ramal 7946.