Não há motivos para alardes. Mas toda prevenção é bem-vinda, em especial quando o assunto é uma doença proveniente de um vírus. É o caso da varíola dos macacos, também denominada “monkeypox”. Até o momento, em Quatro Barras, nenhum caso confirmado da enfermidade foi registrado. É o que informa o mais recente boletim epidemiológico emitido pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), na quarta-feira (17). Nem mesmo casos suspeitos.
No entanto, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) orienta a população no sentido de prevenir-se e, diante de qualquer sintoma, recorrer aos devidos cuidados com a máxima urgência.
A preocupação é que, como municípios que fazem limite com Quatro Barras já apresentam casos suspeitos, os riscos de em pouco tempo ocorrer o mesmo na cidade são consideráveis. Pinhais e Colombo, por exemplo, possuem um e quatro registros sob investigação, respectivamente. Curitiba já contabiliza 72 confirmações e 49 casos suspeitos.
Apesar de sua transmissibilidade não se comparar à Covid-19 e o índice de letalidade ser considerado baixo, de acordo com o Ministério da Saúde, o atual cenário coloca as autoridades sanitárias em sinal de alerta. Isso porque a principal forma de contágio é através do contato com pele, mucosas e fluidos. Quanto maior o nível de intimidade e contato com o caso suspeito, somado ao tempo de exposição, maior a chance de transmissão.
O ato sexual, por exemplo, traz um maior risco de transmissão do que apenas sentar-se ao lado de uma pessoa infectada. Porém, a transmissão também pode ocorrer por meio de contato com objetos contaminados e por meio de gotículas da via respiratória, se houver exposição prolongada.
Como se proteger - A prevenção contra a varíola dos macacos é feita principalmente evitando o contato com pessoas positivas e seus itens pessoais, uma boa higiene das mãos e a redução dos parceiros sexuais, uma vez que os preservativos não impedem o contágio.
Em ação conjunta, os departamentos de Vigilância Sanitária e Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Quatro Barras sugerem que o uso de máscaras e o distanciamento social sejam mecanismos eficazes de afastar os riscos de contágio com o vírus. Um protocolo já bastante conhecido da população, por ocasião da pandemia do novo coronavírus.
Mas, se a varíola dos macacos é menos contagiosa que a Covid-19 e pouco letal, qual a razão de tanta preocupação? A resposta é simples: a tentativa de evitar uma sobrecarga de atendimentos em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e hospitais, exatamente como a que ocorreu ao longo da pandemia do novo coronavírus. Afinal, dentre diversas doenças contagiosas, mais uma que contribua para formar gargalos nas filas e comprometer o sistema de regulação de leitos de casas hospitalares só servirá para engrossar demandas existentes.
Apesar de soar como uma nova doença, a endemia é antiga conhecida da Medicina, desde 1970. A novidade é que ela está se espalhando pelo mundo, com um óbito já confirmado no Brasil. As lesões pelo corpo são altamente contagiosas e evoluem para pequenas feridas com crostas, similares à catapora, mas com a diferença que os gânglios ficam inchados na fase inicial da doença.
O risco de sintomas mais graves e morte é maior em recém-nascidos, crianças de até 8 anos, naqueles com sistema imune comprometido, gestantes e aqueles que já apresentavam alguma doença na pele, revela o Ministério da Saúde. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter a disseminação da doença é a detecção e o isolamento precoce dos doentes até caírem as crostas, o que pode levar entre duas a quatro semanas.
Curiosidade - Apesar do vírus receber a nomenclatura de “varíola dos macacos”, segundo a Sociedade Brasileira de Primatologia (SBP), o atual surto não tem a participação de macacos na transmissão para seres humanos. Todas as transmissões identificadas até o momento pelas agências de saúde no mundo foram atribuídas à contaminação por contágio entre pessoas.
O texto assinado pela entidade destaca ainda que os macacos não são vilões e sim vítimas, e ressalta que os animais não devem sofrer nenhuma retaliação por parte da população por medo da doença. “O receio de contágio por transmissão desta e de outras doenças, como a febre amarela, pela proximidade com os macacos não se justifica” e que, na verdade, os primatas servem como sentinelas, já que muitas vezes adoecem antes e alertam para a presença e risco de uma doença que pode afetar também humanos.