O som dos trompetes, trombones, eufônios, trompas e das tubas não podem mais ser ouvidos juntos, o que não quer dizer que a música tenha silenciado. Com os novos desafios impostos pela pandemia, a palavra chave vem sendo 'adaptação'. É desta forma que o professor de música, Tadeu Malaquias, vem conduzindo as aulas oferecidas gratuitamente pela Prefeitura de Quatro Barras a alunos da comunidade.
Ao longo de dois meses após o início da pandemia um intenso trabalho de readaptação começou. Malaquias conta que houve uma reorganização pedagógica, com sucessivas pesquisas de metodologias aplicadas em outros Estados e também fora do Brasil, para adequar o melhor método para as aulas em Quatro Barras. Desde então, o ensino remoto não parou.
A maioria dos alunos que frequentava a Casa da Cultura aderiu ao novo modelo. "Infelizmente a pandemia impediu a realização de ensaios e atividades coletivas musicais, mas permitiu abrir novas possibilidades. Nos últimos anos, para melhor acomodar nossos estudantes, a banda teve três sedes diferentes. Infelizmente, a cada mudança, acabávamos perdendo alguns estudantes que não tinham a possibilidade de se deslocar para a nova sede. Com o início das aulas online, pudemos reintegrar esses estudantes novamente", disse o professor.
Segundo ele, o principal objetivo foi manter o vínculo entre os alunos e a música. "Queríamos que eles permanecessem motivados e em constante aprendizagem, aprimorando as habilidades técnicas, melhorando a percepção, o manuseio dos instrumentos, a leitura de partituras. E estamos conseguindo", contou.
As aulas remotas hoje atendem alunos que já frequentavam as aulas presenciais, antes da pandemia, por no mínino 2 ou 3 meses. Alunos em estágio mais avançado ou menos avançado recebem aulas individuais, pelo duas vezes por semana, além de um plano de estudo semanal. Malaquias explica que apenas a iniciação musical de novos alunos teve que ser interrompida, já que requer um ensino mais próximo, presencial.
Ao longo desse período, o professor conta que o apoio da família fez toda a diferença principalmente na regularidade das aulas, o que é determinante para a manutenção do processo de aprendizagem.
A mobilização deu certo. "Neste período os alunos continuaram a evoluir e ampliar o conhecimento teórico e prático dos instrumentos, que era justamente o que pretendíamos. Assim que for possível retomar as aulas presenciais, poderemos voltar a tocar juntos, podendo focar no nível técnico em conjunto", contou Malaquias.
Aulas
As aulas remotas são ministradas na Casa da Cultura, onde o projeto foi inicialmente desenvolvido. Até o momento não há a abertura de novas vagas, mas a Secretaria de Cultura e Turismo já estuda a retomada gradual de aulas presenciais individuais, quando este também for o entendimento da família do aluno. Ainda assim, o ensino remoto continuará sendo uma opção. Este período de adaptação também serviu para investir no planejamento e nas parcerias, que, segundo o professor, renderam bons frutos.
O professor Tadeu Malaquias é Doutor em Educação pela PUC-PR, músico, escritor e pesquisador. Trabalha com a implementação de projetos de educação musical em Curitiba e Região Metropolitana. Atualmente, é regente e professor da Banda Municipal de Quatro Barras e da Orquestra de Instrumentos de Metais da APCEF-PR, em Curitiba.